sem título - o arqueólogo amador - 2008 - óleo sobre tela, 73 x 92 cmuntitled - the amateur archaeologist - 2008 - oil on canvas, 73 x 92 cm
A Galeria 111 Lisboa apresenta, entre 10 de Maio e 14 de Junho de 2008, a primeira exposição individual do artista João Francisco. Composto exclusivamente por desenhos e pinturas, o conjunto de obras que agora se apresenta assume-se como o primeiro momento de exposição pública de um sistemático e aturado pensamento sobre a ancestral tradição da natureza morta.
Recuperando aquele que será um dos mais célebres e reconhecíveis géneros da pintura ocidental, este projecto de João Francisco apropria e requalifica, por intermédio de uma prática militante, mas também de uma profunda ironia, todo um imaginário já raramente associado à contemporaneidade artística. Tendo nas figuras de Giorgio Morandi, Philip Guston ou Giorgio de Chirico algumas das suas assumidas referências, a proposta que João Francisco nos traz não deixa de prolongar, nem mesmo de subverter, algumas das estratégias e dos modelos pictóricos que celebrizaram a obra plástica daqueles autores.
Aqui encontramos a representação de objectos banais do quotidiano, provindos da rua, da estante dos brinquedos ou do armário das ferramentas; achamo-los simplesmente documentados ou postos em diálogo com outros; revemo-los de obra em obra como se de personagens se tratassem, ora eles mesmos num outro momento, ora empenhados em refazer papéis e reencenar estórias. Aqui manipula-se a escala para estabelecer relações simbólicas, só concretizáveis no espaço da pintura, no plano das suas possibilidades; articulam-se a apoteose e a celebração com o silêncio solene da dignidade; reinventa-se a vida doméstica dos objectos, no espelho do seu suposto recato, orquestrado na lenta e subtil toada da nossa própria intimidade.
Gallery 111 presents the first solo show by João Francisco. Composed exclusively by drawings and paintings, the group of works now presented are the first public exhibition of a systematic and matured research about the old tradition of still-life painting.
Updating what probably is one of the most celebrated and recognizable subjects of western painting, this project borrows and updates, by means of a militant practice but also of a profound irony, an imaginary seldom associated nowadays with artistic contemporanity. Having in names like Giorgio Morandi, Philip Guston or Giorgio de Chirico some of his references, the proposal that João Francisco brings doesn't stop extending nor subverting some of the strategy and pictoric models that celebrated those artists.
We found here the representation of standart, trivial or familiar objects brought from the street, from the toy shelf or the tool's cupboard; we find them simply documented or in dialogue with each other; we find them over and over again, in different pictures, like if they were characters, either being themselves at another moment, or committed in re-doing a role and staging other stories. Here the scale is manipulated to establish simbolic relations only possible in the picture plane - of it's possibilities; the celebration is articulated with the solemn silence of dignity; the domestic life of objects is reinvented in the mirror of it's suposed tranquility, played in the slow and subtle pace of our own intimacy.