"Ele vai continuando a fazer a sua exploração à casa cujas chaves lhe deste, o Leitor. Há uma quantidade de coisas que acumulas em teu redor: leques, postais, frasquinhos, colares pendurados na parede. Mas cada objecto visto de perto revela-se especial, de certo modo inesperado. A tua relação com os objectos é confidencial e selectiva: só as coisas que sentes como tuas se tornam tuas: é uma relação com a corporalidade das coisas, e não com uma ideia intelectual ou afectiva que substitua o acto de vê-las e tocá-las. E uma vez assimilados pela tua pessoa, marcados pela tua posse, os objectos deixam de ter o ar de estar ali por acaso, assumem um significado como partes de um discurso, como uma memória feita de sinais e distintivos. És possessiva? Talvez não haja ainda elementos suficientes para o dizer: por agora pode-se dizer que és possessiva em relação a ti mesma, que te agarras aos sinais em que identificas qualquer coisa de ti, temendo perder-te com eles".
Italo Calvino, Se numa noite de Inverno um viajante
sem título - objectos mágicos, 2012; grafite sobre papel, 120 x 150 cm.
untitled - magic objects, 2012; graphite on paper, 120 x 150 cm.
sem título - um jardim italiano dentro de uma casa, e em cima de um tapete, 2012; grafite sobre papel, 120 x 150 cm.
untitled - an italian garden inside a house, and above a rug, 2012; graphite on paper, 120 x 150 cm.
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